quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 102


Meu amor se fortalece, embora não pareça mais forte;
Não amo menos, embora não demonstre tanto;
O Amor anunciado, cuja rica estima
A língua de seu dono difunde por toda parte.
Nosso amor era jovem, então, na primavera,
Quando queria saudá-lo com meus amavios;
Como o rouxinol que canta assim que o verão principia,
E interrompe seu trinado à espera de dias mais maduros:
Não que o verão seja menos agradável agora
Do que os seus tristes hinos que silenciam a noite,
Mas a louca música pesa em seus ramos,
E as doçuras perdem o seu delicioso gosto.
Assim, como ela, por vezes, também me calo,
Para não enfastiar-te com o meu canto.

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