quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 127


Em tempos remotos, o negro não era belo,
Ou, se fosse, assim não seria chamado;
Mas agora surge o herdeiro da beleza negra,
E o belo está imprecado de bastardia;
Desde que as mãos detêm o poder sobre a natureza,
Embelezando a feiura com o falso rosto da arte,
A doce beleza não tem nome, nem jardim sagrado,
Vive profanada, ou foi desgraçada.
Os olhos de minha senhora são escuros como o corvo;
Tão belos são os seus olhos e a sua tristeza tão comovente,
Que, mesmo sem ser bonita, ainda é bela,
Difamando a criação com falsa estima.
Eles se entristecem com a própria aflição
Ao ouvirem que não há beleza como a dela.

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