quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 128


Toda vez, quando tu, minha música, tocas
O abençoado cravo que emite os sons
Com o movimento de teus dedos, quando, doce,
Tanges as cordas que confundem os meus ouvidos,
Invejo essas teclas, que, ágeis, saltam
Para beijar a suave concavidade de tuas mãos,
Enquanto meus pobres lábios, que deveriam beijá-las,
Permanecem inertes e corados junto ao cravo.
Ao serem acariciados, mudariam de condição
E de posição com as teclas dançarinas,
Sobre as quais teus dedos caminham alegres,
Tornando a madeira morta mais viva do que os lábios.
Como as teclas saltitantes que tocam felizes,
Dá-lhes teus dedos e, teus lábios, a mim.

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