quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 72


Ó, a menos que o mundo te obrigue a dizer
Que méritos tanto amavas em mim
Após a minha morte, amor, esquece-me,
Pois nada podes provar sobre o meu valor,
A menos que inventes uma grande mentira
Para fazer por mim mais do que eu mesmo,
E atribuir mais elogios depois que eu morrer
Do que a dura verdade poderia me conceder.
Ó, a menos que o teu amor agora seja falso,
Que tu, por amor, mintas para dizer bem de mim,
Meu nome seja enterrado com o meu corpo,
E deixe de viver para não vexar a mim nem a ti;
Pois me envergonho de tudo que faço;
E tu, também, por amar o que não tem valor.

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