quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 92


Embora simules a tua pior faceta,
O fim de tua vida assegurou o meu;
E não haverá vida além do teu bem-querer
Por este depender apenas do teu amor.
Assim, não preciso temer o maior dos males,
Quando o menor deles puser fim à minha vida.
Vejo que me cabe uma condição ainda melhor
Do que a de depender do teu humor.
Não podes humilhar-me com a tua inconstância,
Pois a minha vida jaz em tua revolta.
Ó, que felicidade encontro,
Feliz por teu amor, feliz por enfim morrer!
Mas, o que é tão puro que não tema a mácula?
Podes ser falsa, mas, mesmo assim, a tudo ignoro.

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