quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 119


Que poções bebi das lágrimas das Sereias,
Destiladas dos troncos que queimam como o inferno,
Vertendo medos em esperanças e esperanças, em medos,
Sempre perdendo quando eu estava a ponto de vencer?
Que males terríveis cometeu o meu coração,
Enquanto se julgava jamais abençoado!
Como vagaram os meus olhos fora de suas órbitas,
Ao se distraírem nessa louca febre!
Ah, o benefício da dúvida! Agora descubro ser verdade
Que o bem se aperfeiçoa com o mal;
E o Amor arruinado, ao ser reconstruído,
Cresce mais belo, mais forte e maior ainda.
Então, retorno, refeito, ao meu contentamento,
E ganho, por sorte, três vezes mais do que gastei!

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