quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 87


Adeus! És muito cara para que eu te tenha,
E bem conheces o teu próprio valor:
O privilégio do teu peso te liberta;
Minha devoção por ti é toda determinada.
Como posso ter-te senão por teu favor?
E, diante de tanta riqueza, que fiz por merecê-la?
A causa do presente que me é dado é o meu desejo,
E, assim, meu direito me é subtraído.
Tu mesma marcaste o teu valor sem o saber,
Ou, a mim, a quem o deste por engano;
Pois a tua grande dádiva, de mim arrancada,
Retorna à tua casa, melhor considerada.
Assim, eu tive a ti como um sonho demasiado:
Um rei ao dormir e, ao despertar, um exilado.

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