quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 130


Os olhos de minha amada não são como o sol;
Seus lábios são menos rubros que o coral;
Se a neve é branca, seus seios são escuros;
Se os cabelos são de ouro, negros fios cobrem-lhe a cabeça.
Já vi rosas adamascadas, vermelhas e brancas,
Mas jamais vi essas cores em seu rosto;
E alguns perfumes me dão mais prazer
Do que o hálito da minha amada.
Eu a amo quando ela fala, embora eu saiba
Que a música tenha um som mais agradável.
Confesso nunca ter visto uma deusa passar –
Minha senhora, quando caminha, pisa o chão.
Mesmo assim, eu juro, a minha amada é tão rara
Que torna falsa toda e qualquer comparação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário