quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 99


A violeta exibida, assim a reprovei:
“Doce ladra, de onde roubaste o suave perfume,
Senão do alento do meu amor? O orgulho róseo
Que vive nas faces macias de tua compleição,
Tiraste grosseiramente das veias da minha amada”.
O lírio que condenei em tua mão,
E as folhas de orégano soltas em teu cabelo;
As rosas, medrosas, calaram-se com seus espinhos,
Uma, corada de vergonha; outra, lívida de desespero;
A terceira, nem pálida, nem rubra, a ambas roubou,
E para o seu roubo, juntou o teu hálito;
Mas, para o seu furto, orgulhosa de crescer,
Um vingativo câncer consumiu-a até morrer.
Vislumbrei ainda mais flores, mesmo sem as ver,
Senão a doçura e a cor que de ti tomou.

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