quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 118


Para aguçar os nossos apetites,
Urgirmos o palato a provar de tudo;
Para prevenir moléstias desconhecidas,
Adoecemos para afastar as doenças ao nos purificar.
Mesmo assim, prenhe de tua doçura inebriante,
Para amargar os molhos fiz a minha comida,
E, doente de bem-estar, encontrei um tipo de igualdade
Para adoecer quando houvesse necessidade.
Eis a política do Amor, antecipar
Os males que não existem, alimentados pelas falhas,
E trazidos à medicina em condição saudável,
Que, igualada à bondade, seria curada pelo mal.
Mas, então, aprendi, e vejo a verdade na lição:
Os remédios envenenam quem está doente por ti.

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