quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 112


Teu amor e o pesar dão-me a impressão
Estampando o escândalo vulgar em meu cenho;
Que me importa quem me queira bem ou mal,
Senão tu, sobre meu bom ou mau alento?
Tu és todo o meu mundo, e devo esforçar-me
Para saber as más e boas opiniões que tens de mim;
Não há ninguém para mim, nem eu para mais ninguém,
Que meu duro sentido mude para o bem ou para o mal.
Num abismo assim profundo lanço tudo que me importa
Que os outros digam que o meu senso viperino
Pela crítica e o elogio sejam impedidos.
Veja como dispenso com a minha negligência:
Vives tão firme em meu propósito,
Que todos, além de mim, já morreram.

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