quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 115


Estas linhas que escrevi antes mentem,
Mesmo as que dizem que eu não poderia amar-te mais;
Embora o meu pensamento não soubesse a razão
Por que meu ardor devesse depois aumentar.
Mas, ao reconhecer o Tempo, cujos milhões de acidentes
Penetram os juramentos e alteram os decretos dos reis,
Tingem a sagrada beleza, turvam as mais claras intenções,
Desviam as mentes fortes para o curso das coisas mutáveis –
Ah, por que, ao temer a tirania do Tempo,
Não deveria eu dizer: “Agora eu te amo mais”,
Quando a certeza vence a incerteza,
Coroando o presente, duvidando de tudo?
O Amor é como um bebê; então, não posso dizê-lo,
E dar plena altura àquilo que ainda está a crescer.

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