quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

SONETO 71


Não chores mais por mim depois que eu morrer,
Ao ouvir o sombrio e escuro sino
Anunciando a todos que parti
Deste mundo vil, habitado por vermes ainda mais vis:
Não, se leres este verso, não lembres
Da mão que o escreveu; pois te amo tanto,
Que prefiro ser esquecido de teus doces pensamentos,
Se lembrar de mim te causar algum pranto.
Ah, se (eu digo) leres este verso
Quando eu já estiver misturado à terra,
Não ensaies repetir o meu pobre nome;
Mas deixa o teu amor apodrecer com a minha vida:
A menos que o mundo pondere e perscrute a tua dor,
E despreze a ti, por mim, após minha partida.

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