domingo, 3 de janeiro de 2016

SONETO 17


Quem crerá em meu verso no futuro,
Se for tomado por teu completo abandono?
E Deus sabe que a tua vida se transformou em tumba,
Sem deixar entrever nem a metade de teu ser.
Se eu pudesse descrever a beleza de teus olhos,
E enumerar infinitamente todos os teus dons,
O futuro diria: “Este poeta mente,
Tanta graça divina jamais existiu em um ser”.
Podem os papéis amarelados em que escrevo
Serem desprezados como velhos falastrões,
E tuas verdades poriam fim à ira deste poeta,
E prolongariam o som de uma antiga canção:
Mas, se um filho teu vivesse, então,
Viverias duas vezes – nele e em meu canto.

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