domingo, 3 de janeiro de 2016

SONETO 23


Como um mau ator que sobe ao palco,
Que, por medo, está aquém de seu papel,
Ou uma fera tomada pelo excesso de ira,
Cuja força exorbitante enfraquece o coração;
Eu, então, por desconfiar, me esqueço de celebrar
A sublime cerimônia do enlace amoroso,
E, em mim, ao seu poder, parece decair
Sob o peso da força do meu amor.
Ah, deixa o meu rosto verter a eloquência
E os presságios surdos do meu peito arfante,
Que anseiam pelo carinho e procuram a recompensa
Mais do que a língua que tanto o expressou.
Ó, aprende a ler o que o coração, em silêncio, escreveu:
Só a pureza do Amor nos faz ver e compreender.

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