domingo, 3 de janeiro de 2016

SONETO 46


Meus olhos e coração travam uma guerra mortal
De como repartir, entre eles, a visão que têm de ti:
Meus olhos rejeitam o que o meu coração vê,
Meu coração, aos meus olhos, a liberdade de te ver.
Meu coração alega ser por ele que te vejo
(Um quarto nunca visto com olhos puros),
Mas os acusados negam-lhe a autoria,
E dizem que és bela apenas para eles.
A demanda, sem precedentes,
Divide opiniões, todos reféns do coração;
E, por seu veredito, se determina
A parte dos olhos claros e do doce coração –
Assim: meus olhos veem o que me mostras,
E meu coração vê apenas o teu amor.

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