sábado, 2 de janeiro de 2016

SONETO 62


O pecado do amor-próprio toma os meus olhos,
E toda a minha alma, e todo o meu corpo;
E, para este pecado, não há qualquer remédio,
Tão entranhado está em meu coração.
Penso que nenhum rosto seja tão belo quanto o meu,
Não há forma mais verdadeira, nem jamais vista,
E por mim o meu próprio valor se define,
Por superar qualquer outro.
Mas, quando o espelho me revela quem sou,
Abatido e carcomido pelos anos,
Meu amor-próprio se contraria;
Ser tão autocentrado seria uma iniquidade.
Tu és (eu mesmo) aquele que em meu nome elogio,
Pintando meus anos com a beleza de teus dias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário