domingo, 3 de janeiro de 2016

SONETO 48


Que cuidado tomei quando, em meu caminho,
Ao acaso surgiram inutilidades,
Que, para mim, continuariam intocadas
Pelas mãos da falsidade, entregues à confiança.
Mas tu, para quem minhas riquezas nada são,
Zelo mais valoroso, agora o meu maior pesar,
Tu, a mais amada e meu único cuidado,
Do mais terrível ladrão te tornas presa,
A ti, não encerrei em uma arca,
Salvo onde não estás, embora sinta que estejas
Dentro da gentil clausura do meu peito,
De onde poderás ir e vir a teu bel-prazer;
E, mesmo assim, temo que serás roubada,
Pois a verdade nos furta quanto maior o prêmio.

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