domingo, 3 de janeiro de 2016

SONETO 45


Os dois outros, o ar leve e o fogo ardente,
Estão contigo onde quer que eu me encontre;
O primeiro, meu pensamento, o outro, meu desejo,
Entre a presença e a ausência, deslizam furtivamente;
Pois, quando se vão estes rápidos elementos
A prestar-te os doces louvores do Amor,
Minha vida, feita de quatro, com dois apenas
Fenece e morre, subjugada pela melancolia;
Até que a composição da vida seja sanada
Pelos teus lépidos mensageiros,
Que somente agora retornam, afiançando
Teu bem-estar, deixando-me em sossego.
Assim, me regozijo; porém, insatisfeito,
Rechaço-os e me torno ainda mais infeliz.

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