sábado, 2 de janeiro de 2016

SONETO 63


Contrário o meu amor será como sou hoje,
Com a mão injuriosa, esmagada e gasta pelo Tempo;
Quando as horas tiverem secado o sangue e coberto o cenho
Com linhas e rugas; quando a sua fresca manhã
Ascender à alta noite senil,
E todas as belezas das quais hoje ele é rei
Minguarem, ou sumirem,
Roubando o tesouro de sua primavera;
Por esse tempo agora eu me oponho
Contra a faca cruel da confusa idade,
Que ele jamais ceifará da lembrança
A suavidade do meu amor, embora lhe tire a vida.
Nestas negras linhas, ficará a sua beleza,
E que viverão, mantendo o meu amado vivo.

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