domingo, 3 de janeiro de 2016

SONETO 19


Tempo voraz, corta as garras do leão,
E faze a terra devorar a sua doce prole;
Arranca os dentes afiados da feroz mandíbula do tigre,
E queima a eterna fênix em seu sangue;
Alegra e entristece as estações, enquanto corres,
E ao vasto mundo e todos os seus gozos passageiros,
Faze o que quiseres, Tempo fugaz,
Mas proíbo-te de um crime ainda pior:
Ah, não marques com tuas horas a bela fronte do meu amor,
Nem traces ali as linhas com a tua arcaica pena;
Permite que ele siga o teu curso, imaculado,
Levado pela beleza que a todos sustém.
Embora sejas mau, velho Tempo, e malgrado os teus erros,
Meu amor continuará jovem em meus versos.

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