domingo, 3 de janeiro de 2016

SONETO 29


Quando em desgraça, sem sorte e afastado
Dos homens, sozinho, em meu exílio,
Perturbo os Céus surdos, a gritar sem sossego,
E olho para mim, e amaldiçoo o meu destino,
Sonhando ser mais afortunado,
Como um homem de muitos amigos,
Cobiçando os seus talentos e sua visão,
E aquilo que mais aprecio sinto menos satisfeito;
Mesmo, nesses pensamentos, quase me desprezando,
Feliz, penso em ti e, depois, em meus bens
(Como a cotovia ao romper do dia, elevando-se
Das entranhas da terra), em hinos a louvar o céu;
Pois, lembrar teu doce amor traz tanta riqueza,
Que desdenho trocar meu dote com reis.

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